segunda-feira, 12 de novembro de 2007

PORTAL

Quartos guardam muito mais do que camas e armários
Janelas cerram a vida no mundo alheio
No vão da porta se escondem desejos
E lágrimas dormem nos travesseiros

O preto só é preto porque alguém assim o disse
Quem terá sido capaz de inventar a escuridão?

Os livros na estante não são só livros
Suas páginas às vezes são espelhos
Houve um tempo em que engolia tais palavras
E quantos segredos eu vejo pendurados
No testemunho do olhar destes quadros.

Um sonho frágil esvaído ao chão
Cinza de cigarro, poeira, farelo de pão
No teto, teia de sons que teceste com tuas mãos

Mas as cortinas já se fecharam
O espetáculo, há muito, está encerrado
E o relógio na minha frenteDerrama horas que escorrem pela parede.

Nenhum comentário: